18
Hoje faz um ano inteiro do amor que só viveu pela metade. Um ano inteiro dessa não-relação mais íntima e intensa que já tive. Desse teu me conhecer preciso do qual nunca tive como me esquivar. Um ano inteiro de mais saudades do que encontros. Impossível. Parecia uma eternidade. Desde o primeiro dia 18 eu te conheço desde sempre. Cê era tipo espelho e nunca vi alguém tão parecido comigo. Acho que era nisso que eu encrencava. É tão difícil se encontrar assim no outro e ver todas as nossas falhas, os nossos espaços não preenchidos, nossas imperfeições e nossas marcas. Olhar prá você sempre foi como olhar prá dentro de mim. Te transformei em poesia centenas de vezes que era um jeito de te materializar dessa minha maneira torta. Você me prendia em fotografias. E me peguei aqui pensando que talvez seja o teu jeito de ter as pessoas à sua volta. Eu finjo que já não me importo mas todo dia amanheço esperando o "bundinha" ou alguma piada idiota. Não vem. A gente foi se perdendo como dois desconhecidos numa festa lotada. O mundo é grande e são tantas as possibilidades. Mas eu queria mesmo era você me cutucando com o pé prá depois reclamar das minhas cócegas. Queria saber como é que faz prá te arrancar da minha história se te fiz protagonista e é absurdo matar o mocinho no final. Nem em filme de terror. Aliás eu nunca mais assisti um filme de terror e dia desses queria ver um jogo do Fluminense no Maracanã. Torço prá dar empate mas se o São Paulo vence eu fico feliz. Você não sabe mas eu te guardei num retrato que era a única maneira de ter você por perto. Me diz que volta porque qualquer mentira boba é um consolo prá falta que você faz. Não cai uma lágrima dos meus olhos desde que entrei naquele Uber em Santa Teresa. Hoje chorei um rio inteiro. Já li Valente três vezes e penso sempre que é uma besteira acreditar que uma hora eu vou chegar no final da história. Pensei em tirar as fotos, os desenhos e o poema da parede. Daí lembrei que tem memória tua até no meu fio de cabelo que eu cortei mas ficou na raíz e por mais que eu tinja de vermelho teu nome percorre os poros todos do meu corpo. Um saco. Nunca mais ouvi meu nome todo repetido mais de três vezes numa mesma sentença. Juliana é só um eco ao qual nem mais identifico. Ás vezes eu me engano imaginando que um dia eu vou estar andando pelas ruas de alguma cidade muito incrível, que pode ser Sintra ou Mogi das Cruzes, porque tanto faz eu acho qualquer lugar muito legal, e vamos nos encontrar por acaso e eu vou te falar de como é incrível o que eu vi e você vai me olhar e sarcástico como sempre dizer "normal". Eu falei Sintra porque ontem tomei café numa cafeteria portuguesa. Que bobagem, Renato, que você nem gosta de café mas ia adorar os azulejos na parede e provavelmente ficaríamos 49 minutos ali parados até você tirar uma foto "meia boca". E esse texto era prá ser só uma frase. A primeira. Mas eu acho que escrever é uma maneira de te tornar real no momento presente como se de alguma forma você estivesse aqui do meu lado comigo agora e eu achando tudo isso uma bobagem e morrendo de medo mas no final você fala que eu escrevo bonito e eu te prometi continuar transformando amor em qualquer coisa que não seja aquele aperto no peito então melhor mesmo transformar em arte. Daqui duas linhas tem um ponto final. Mas se você ler isso tenki ficar sabendo que eu tô mesmo é fazendo figas pro dia 18 deixar de ser essa vírgula de pausa imensa prá virar reticências. (...)
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