Ao amor que não aconteceu
Ouvi Taviani uma noite inteira. Te lembro todos os dias e vez ou outra parece que foi ontem... Outras, que nunca aconteceu. Penso como seria se eu tivesse agido diferente... Se a pressa não me atropelasse.. ou se você não tivesse se afastado, tivesse escolhido o mergulho, decidido ficar. Queria que você me pedisse pra ficar, me dissesse que se importa, que eu fui uma idiota de não perceber. Mas, você seguiu como quem não deixa nada pra trás e eu fiquei a ver navios no meio desse mar aberto que você prometeu que nadava junto. Será que você sentia o mesmo que eu? O que te fez ir embora assim sem mais nem menos? Por que eu tenho tantas perguntas e nenhuma perspectiva de você voltando pra remar comigo? Sim, eu disse que tinha um bote salva vidas amarrado no peito, mas teu salto foi tão de repente que nem deu tempo de me armar. Te escrevo cartas que jamais enviarei e fico aqui cuidando de uma flor como se fosse um jeito de te ter por perto, mas que besteira! Há mais distância entre nossos desejos do que de Ribeirão até Brasília. Eu atravessaria um Paranoá inteiro por você, mas tem horas que eu penso que nem toda obra de Niemeyer seria suficiente pra te trazer de volta. Sigo te procurando pela cidade inteira e todo domingo eu te espero lá naquele nosso canto mas você não aparece. Acho que é sempre mais difícil esquecer do amor que não aconteceu do que daquele que teve seu tempo e esmaeceu. Nosso amor podia ter sido tanta coisa... Agora é lembrança, uma nódoa difícil de apagar e que não tem Vanish que resolva!
Comentários
Postar um comentário