Girassol

 

Me chamam visceral. Não é o único modo de estar viva? Cada pessoa me atravessa e meu instinto é saltar em queda livre. E, afinal, quem sou eu senão os encontros que tive na vida? Te vi duas vezes nessa semana, de longe, parecia uma miragem. Tive que olhar de novo pra ter certeza que não era alucinação. Que caos é esse que você instalou aqui dentro que me tirou o fôlego e me trouxe de volta à superfície? Pensei esses dias que nossa rápida passagem pela vida uma da outra foi como uma foto Polaroid. Daqueles momentos que acontecem só uma vez, mas ficam registrados numa película que a gente revisita vez ou outra e pensa: que tempo foi esse? Por que teu olhar estacionou em mim? Não sei. Mas tem coisas que são assim mesmo... não é de entender, a gente sente e pronto. Você me pede calma, mas carrego esse coração que tem pressa. Tal qual coelho da Alice que está sempre atrasado, ele não entende o tempo das obrigações cotidianas. Não o culpo. Eu também nem sempre me entendo com Chronos. Meu corpo dança melhor em outros compassos e só aprendi a contar até 8. Você segue guiada pelo sol e eu sou essa pessoa lunar que deságua. O que posso fazer agora é torcer por um eclipse. Será que assim você me nota? Teu amarelo combina tanto com meu vermelho e o dia nunca mais findou tão bonito quanto aquele lá no alto da cidade. O café que nunca tomamos, será que já esfriou? Eu fico aqui te pedindo prosa e tu me responde em poesia. Não entendo os sinais, mas será que essas coisas todas são do campo da razão? Tenho sempre mais perguntas do que respostas e eu fechei a porta, mas esqueci a janela aberta. Tem cabimento? Adiantou foi nada. Você nem sabe meu endereço e eu esperando pela visita. Dia desses você passou por mim e eu respirei três vezes. Gritar adianta? Calei. Era melhor ter escrito uma carta, mas eu não sei o número do teu apartamento. Teu sol em virgem faz quadratura com minha Vênus e eu não faço ideia do que isso significa, mas boto a culpa na lua em aquário. E eu continuo andando pela cidade fazendo figas prá que num descuido ou atrevimento do universo, nossos caminhos se cruzem e você perceba que eu posso ser um pouco sol também.

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