Nódoa - Inverno de 2018
Eu não vou nem tentar fingir indiferença. Seria em vão. Saio de perto e já sinto saudade. Fui embora num tchau definitivo. Só por fora. Por dentro o peito gritava: "volta, Juliana.. volta!". Vi seus olhos marejados. Vi sim. E me senti uma idota por imaginar que você não se importava. Era tão óbvio. O medo impede a gente de ver com clareza aquilo que está escancarado bem na nossa frente. Precisei da despedida. O coração, inquieto, não conseguia serenar. Subi as escadas correndo. Desabei. Nunca foi tão difícil abrir aquela bendita porta verde. Sentei na escadaria num choro sentido, feito criança. Desabei. Saí andando num passo acelerado, como quem fugia de algum monstro no meio de uma floresta escura. Cheguei no Largo e pedi um café. Me trouxeram um copo d'água. "Desculpa, moça.. eu não sei o que aconteceu.. mas acho que você precisa disso". Bebi a água numa golada... Como quem quisesse beber junto todos os sentimentos do mundo. Parti. Pensei que longe seria mais fácil. Que bobagem. Encontrei você assim que cheguei em casa. Olhei pro lado e tava você lá... Nas minhas fotos.. nos desenhos nas paredes.. nos memes.. no jogo do Brasil.. no "tenki" que o corretor do celular já seleciona automáticamente... na sorveteria.. no tic tac dos Simpsons... nas ruas de Paraty... no cachorro que vi no hostel e você ia pirar.. em todas as coisas que sinto vontade de partilhar.. na memória.. no corpo. Eu fui. Você veio junto. De um jeito ou de outro você veio junto. Ta aqui do meu lado agora enquanto tomo café e escrevo bobagens. Ta aqui dentro. E eu sinto que mesmo que eu queira te arrancar a forças, como uma nódua num lençol branco, vai ter sempre um pouco de você em mim...
.
.
.
.
.
.
.
.
Ainda bem!!!
Comentários
Postar um comentário