Da despedida
Como que vai embora de uma pessoa? Sei ir embora de lugares. Sou muito boa nisso. Sei arrumar as malas e partir. Ir embora dos lugares nunca foi uma grande dificuldade. Simplesmente se vai. Talvez seja fácil porque sabemos que os lugares estarão sempre ali. As pessoas não. Elas seguem. A gente segue também. Mas antes disso tem o caminho de partida. Esse dói. É longo e dolorido. Parece que arranca um órgão da gente. Arrancaram um pulmão eu acho. É a explicação prá essa falta de ar só de pensar que amanhã não vai ter teu "bundinha" junto com alguma notícia mirabolante de alguma coisa totalmente inusitada. Ou uma foto foda que você vai dizer que tá horrível porque é sempre assim. Ou algum desenho que você vai chamar de rascunho, rabisco.. mas que é melhor do que qualquer coisa que eu poderia desenhar na vida. O vasinho que plantei ainda tá na tua casa? Será que já floriu? Será que ele vinga mais que esse amor que a gente cortou pela raiz antes mesmo de ver crescer as primeiras folhas? Guarda a lista de filmes que a gente nunca anotou no papel. Eu guardo a lista de viagens que talvez nunca façamos. Vou fotografar novas paisagens sob novas perspectivas. Mas sei que em cada simetria vai brotar um sorriso na minha cara e sua voz sussurrada na minha memória "já deve ter umas mil fotos iguais a essa, Juliana. Inclusive a minha agora". Talvez eu arrume alguma companhia para os próximos filmes do Wes Anderson. Talvez eu ria de outras tantas piadas idiotas, mas é bem provável que ninguém entenda quando eu disser que vou botar coentro em tudo e cair na gargalhada. O certo é que nunca mais vou comer cogumelos. A nossa banda que nunca vingou ia ser um sucesso. Eu fico aqui desejando que você consiga uma casa bem grande e com um jardim enorme pra caber os 8 cachorros (ou eram 9?). E que continue desenhando passarinhos sempre que, por acaso, lembrar de mim. Não importa as estações. Te conhecer foi uma primavera inteira! Prometo que continuo escrevendo poesia barata e umas músicas cafonas. Você segue sendo o personagem principal de cada verso meu. Ainda quero todas aquelas fotos que você tirou de mim e nunca me mandou. Não perdi a esperança. Se por descuido ou displiscência a vida resolver de novo colocar a gente na mesma trilha, quem sabe a gente chega em Teresópolis. Queria mesmo era ter um desses botões de 'bloquear' das redes sociais dentro do peito prá que fácil como um clic seu rosto desaparecesse das minhas configurações. Mas sou de carne e osso. Sigo sangrando. Vienna waits for you. jtm.
(Fecham-se as cortinas. Fim do primeiro ato)
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