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Mostrando postagens de novembro, 2018

Da Escrita

Escrita é liberdade. Quando eu escrevo eu boto no papel tudo o que tenho guardado dentro da alma... aquilo que o coração pulsa e que muitas vezes a boca cala. Eu coloco no papel o riso frouxo, o grito que não sai, o amor que não aconteceu, a dor amarga que machuca, a felicidade que transborda, a angústia latente que aprisiona. Escrita é liberdade. É meu momento borboleta. Quando escrevo posso troc ar as vírgulas dessa vida destrambelhada por pontos finais... posso trocar interrogações por reticências... abrir parenteses onde aspas insistem em se instalar. Escrevo a minha história da maneira que me convém... dou espaço aos devaneios... transformo meus medos em coragem e sigo em frente com o caminhar... quando escrevo sou livre de mim! (2012)

Fogo-Fátuo

Enquanto os outros procuravam as chaves, forçavam a maçaneta, tentando arrombar a porta, ele, sorrateiro, pulou a janela. Entrou como se já conhecesse a casa. Sentou na poltrona, tomou um café e quando vi já estava instalado do lado de dentro com suas malas e sem passagem de volta. Um coração mais curioso que os olhos... provavelmente porque não sabia ao certo onde estava se metendo. Pensei em lhe dizer que a casa era um caos e que ali era lugar de tormentas e furacões... mas quando vi só consegui lhe pedir que não reparasse a bagunça. Queria colocá-lo no porão para não fazer muito alarde. Cedo ou tarde ele vai partir, pensava enquanto procurava os lençóis, é melhor mesmo que fique em um local onde sua ausência não seja sentida pelos próximos hóspedes. Mas assim que subi as escadas ele estava lá, deitado em minha cama como se já lhe fosse lar. E eu que lhe pensei fogo-fátuo percebi que embora carregasse o mar dentro dos olhos, isso não lhe apagava as chamas. Estranhei num primeiro mome...

18

Hoje faz um ano inteiro do amor que só viveu pela metade. Um ano inteiro dessa não-relação mais íntima e intensa que já tive. Desse teu me conhecer preciso do qual nunca tive como me esquivar. Um ano inteiro de mais saudades do que encontros. Impossível. Parecia uma eternidade. Desde o primeiro dia 18 eu te conheço desde sempre. Cê era tipo espelho e nunca vi alguém tão parecido comigo. Acho que era nisso que eu encrencava. É tão difícil se encontrar assim no outro e ver todas as nossas falhas, os nossos espaços não preenchidos, nossas imperfeições e nossas marcas. Olhar prá você sempre foi como olhar prá dentro de mim. Te transformei em poesia centenas de vezes que era um jeito de te materializar dessa minha maneira torta. Você me prendia em fotografias. E me peguei aqui pensando que talvez seja o teu jeito de ter as pessoas à sua volta. Eu finjo que já não me importo mas todo dia amanheço esperando o "bundinha" ou alguma piada idiota. Não vem. A gente foi se perdendo como d...

Bem amada

Oblíqua e dissimulada Petulante, enluarada Mulher num corpo de menina   Um pouco bruxa, um tanto fada Chorando tempestades Em copos d'água De tigresa da íris cor de mel A gatinha manhosa e assustada Sou um fado de Gardel Tocado num baile da baixada Por vezes vaca profana Quase sempre sagrada Um pouco só Mas muito bem amada... Por mim.

Poema Afoito ou O Que Não Falo Mas Escrevo

corrente corrente corrente corrente corrente corrente corrente corrente corrente corrente corrente corrente corrente corrente corrente corrente corrente corrente corrente corrente corrente corrente corrente corrente corrente corrente corrente corrente que me prende em você. Água corrente desse rio de desencanto que insisto em ancorar meu barco. Em ti não encontro leito. Só desamparo. Desespero. Tormento. Um copo cheio desse teu go star vazio. Um bicho arredio buscando abrigo onde só tem relento, casa sem teto nem paredes onde me falta chão. Birra de menino em homem feito. Negando fogo pra quem oferece carvão. Teu peito é pedra. Essa couraça indestrutível que é teu coração. Eu tenho amor em brasa e disso não abro mão. Pode seguir por essa estrada sem trilho. Que eu... Ah! Eu sou meu próprio caminho e minha própria embarcação.