Do que ainda vive em mim
No abraço demorado tem sempre um pouco mais que só carinho. Uma saudade que já virou rotina. Um amor que não sei dimensionar. Uma vontade de morar ali naqueles pequenos momentos de afago. Eu queria morar ali. Queria ficar ali até sucumbir o mundo e a Terra voltar a ser só pó de estrela. Às vezes eu queria saber se você ainda sente. Qualquer coisa. Saudade, encanto, vontade. Qualquer coisa. Mas só às vezes. Na maioria queria mesmo era que você já tivesse esquecido e não restasse nem vestígio do que fomos. Porque em mim tem. No corpo todo. Tem nesses braços que te abraçam demorado pra aproveitar esses tão breves momentos juntas. Tem você em cada póro e dói todos os dias. Todos os dias dói um pouquinho menos. Mas dói. Não sofro mais. Não espero mais. Não alimento. Mas tá ali. Tipo ocupação que não apresenta o menor sinal de ação de despejo. Como se meu corpo, meu coração, fosse um lugar calmo e confortável onde tua alma veio passear e ficou, se acomodou na minha, te abandonou e você nem sabe que me fez morada. E eu não queria nunca que doesse em você também. Não queria que tivesse doído nunca em você. Porque pra você eu só quero sempre o dia mais bonito e ensolarado (mas fresquinho, pra ser agradável). Vez ou outra prefiro acreditar que foi só sonho. Que foi só dentro da minha cabeça. Que você nem sabe o que aconteceu. Não porque eu não queria que fosse real. Mas porque na minha cabeça mando eu. E cada vez que eu fechasse os olhos poderia ter você aqui do lado. Você aqui por perto. Você aqui em mim.
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