Desassossego
Tem um bicho chamado Desassossego
Visita ingrata
Aparece sem ser convidado
Me fita, me laça, ameaça fazer estrago
Finjo que não ligo
Ele grita de pirraça
Me dói a cabeça, o estômago, atravessa as vísceras
Quando vejo,
Já me fez casa
Bichinho inconsequente
Quando percebe minha calmaria
Faz algazarra, por birra, me tira do lugar
Se estou confortável, lá vem ele me falar ao pé do ouvido:
“Duvido!”
E logo já estou a “desassossegar”
Se prego desapego
Lá vem ele, o Desassossego,
Com sua mala cheia de bagagens passadas
Monstros desalmados e inseguranças infantis:
“Será?”
Então me vejo em desespero
Choro, ameaço me matar
Ele vem com cafuné
Me faz café, coloca pra ninar
Eu ali desacreditada
Tento de qualquer jeito
Convencê-lo a encontrar nova morada
É quando, então,
Ele para, me olha em silêncio e em seguida dispara:
“Calma, não tem mistério nem nada..
É só amor, causando euforia, nessa sua alma desassossegada”.
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