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Ao amor que não aconteceu

Ouvi Taviani uma noite inteira. Te lembro todos os dias e vez ou outra parece que foi ontem... Outras, que nunca aconteceu. Penso como seria se eu tivesse agido diferente... Se a pressa não me atropelasse.. ou se você não tivesse se afastado, tivesse escolhido o mergulho, decidido ficar. Queria que você me pedisse pra ficar, me dissesse que se importa, que eu fui uma idiota de não perceber. Mas, você seguiu como quem não deixa nada pra trás e eu fiquei a ver navios no meio desse mar aberto que você prometeu que nadava junto. Será que você sentia o mesmo que eu? O que te fez ir embora assim sem mais nem menos? Por que eu tenho tantas perguntas e nenhuma perspectiva de você voltando pra remar comigo? Sim, eu disse que tinha um bote salva vidas amarrado no peito, mas teu salto foi tão de repente que nem deu tempo de me armar. Te escrevo cartas que jamais enviarei e fico aqui cuidando de uma flor como se fosse um jeito de te ter por perto, mas que besteira! Há mais distância entre noss...

Pequenos Clichês Fluminenses Que Escrevo Pra Não Ter Que Lhe Falar II

Seus olhos tinham cor indefinida. Mentira. Eram castanhos, infinitamente castanhos. Esverdeados nas noites cariocas. Mas só quando havia cerveja. Eles me fitavam de um jeito que eu jamais fui fitada na vida. Um jeito de quem tem o fundo do mar inteiro dentro do olhar... mas só nada até a primeira onda. Meu barco era pequeno demais prá navegar por águas tão turbulentas. Recuei. Mas quando vi já estava ancorada bem no meio do oceano.

Pequenos Clichês Fluminenses Que Escrevo Pra Não Ter Que Lhe Falar I

O que é uma arma encostada na cintura prá quem tem uma bomba relógio armada no peito!?

Roteiro para quadrinhos sentimentais II

Fiz do nosso amor carnaval. Já sabendo que logo chegaria a quarta feira de cinzas.

Girassol

  Me chamam visceral. Não é o único modo de estar viva? Cada pessoa me atravessa e meu instinto é saltar em queda livre. E, afinal, quem sou eu senão os encontros que tive na vida? Te vi duas vezes nessa semana, de longe, parecia uma miragem. Tive que olhar de novo pra ter certeza que não era alucinação. Que caos é esse que você instalou aqui dentro que me tirou o fôlego e me trouxe de volta à superfície? Pensei esses dias que nossa rápida passagem pela vida uma da outra foi como uma foto Polaroid. Daqueles momentos que acontecem só uma vez, mas ficam registrados numa película que a gente revisita vez ou outra e pensa: que tempo foi esse? Por que teu olhar estacionou em mim? Não sei. Mas tem coisas que são assim mesmo... não é de entender, a gente sente e pronto. Você me pede calma, mas carrego esse coração que tem pressa. Tal qual coelho da Alice que está sempre atrasado, ele não entende o tempo das obrigações cotidianas. Não o culpo. Eu também nem sempre me entendo com Chronos....

Chuvinha

Imagem
Texto meu. Ilustração de Fabiana Neves.

Furacão

Um furacão passou por aqui.. deixou o cheiro nos móveis, no ar, talvez em mim... Já não sei.. sua presença, intensa, incesante, ficou vagando pela casa como um fantasma... Sua voz ecoa nas paredes... Ouço cada palavra dita em um looping eterno tentando pegar no ar alguma palavra que faça sentido nesse turbilhão.. talvez um "sim, eu fico"... Antes, um adeus... Levou consigo o gosto do café passado às pressas de mãos trêmulas e pernas bambas tal qual a equilibrista de um circo fajuto... Levou também o meu sossego e qualquer certeza que eu ainda pudesse insistir em carregar comigo... Eu, nessa tentativa estúpida de continuar remando um barquinho de papel em meio a uma tempestade, quase morro afogada... A tormenta existe e não há o que fazer... "Eu recebo, confio e agradeço"... São as palavras de conforto que repito a mim mesma na tentativa de me manter sã e salva nesse tumulto todo... Um furacão bateu em minha porta.. e eu abri... (Jan/2017)